O antigo me fascina
Coisas antigas me fascinam... Outros tempos, lugares e ideias. Os comportamentos e modos de vestir-se. Não sei se nasci no tempo errado, mas poderia ter nascido em outro. Em tempo remoto. Num passado. Ah! e que passado lindo. Consigo ver-me nele. Andando pelas colinas ou ruas. Trajando vestidos com suas saias rodadas... Ou, simplesmente, uma roupa que dissesse: "É feminina, é mulher". Levando meu lenço branco, tendo nele o meu nome gravado e gotas do meu perfume predileto. Os penteados mais lindos usaria, e os mais lindos sapatos. Andaria de modo singelo, porém feminino. Trajaria vestidos com poucas saias (umas duas)... Ou, graciosamente, uma roupa que dissesse. "É feminina, é mulher". Seria galanteada com respeito e cuidado. Diria não ou sim. Conheceria cavalheiros e seria por eles respeitada. E como dama, seria honrada. Teria minha própria penteadeira, com meu espelho e meus perfumes. Teria, ali, meu pó de arroz, para passar em minhas faces rosadas. Poderia usar meias-calças (ou não). Mas seria respeitada e principalmente zelada. Seriam poucos os vagabundos (ou não), mas teriam os cavalheiros, que pelo mundo inteiro haveriam de passar. E onde quer que eu fosse seria observada como uma dama respeitada, a qual só tem o que admirar. Não é que não tivesse defeitos, apenas não os espalharia de modo despudorado. E não passaria a ter momentos envergonhados pelos que hoje vivem. Meu nome é mulher, mulher desassossegada. Que vive inconformada com o lugar que perdi. Lugar que era só meu, mas me atrevi a ir mais longe. Perdi o meu status e quase a sensatez. E hoje, digo, de vez: Não sei qual é meu brado. Se quero o lar ou o trabalho. Não dou conta de tudo. É complicado, demais. Mas sou insistente, e sendo ou não demente. Ainda quero o passado.
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