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segunda-feira, 19 de março de 2012

Identidade

        Devo ser mesmo alguém estranho e estranhamente sigo. E ando de modo diferente. Meu falar é esquisito. Meu portar exagerado. Às vezes com os cabelos assanhados, me sinto como estivesse ao vento. Minha voz descompassa ao som da tua passada. E fico nervosa, mas aguento. Às vezes é só um fingir. Finjo que aguento. Devo ser mesmo estranhamente apaixonada. Mas rejeito. Nego. Dizem que só sabe a felicidade quem viveu ou vive uma paixão. Do contrário não vale a pena estar vivo. Não sei. Sei lá. Devo mesmo ser doida. E doidamente sigo. Como alguém que sem destino, vive a vagar. Ando por ruas escuras. Às vezes me vem um clarão. Finjo que nem vejo. E passa. Ando com vendas na face. Gritam e não ouço. Também nada digo de mim. Para que? Ninguém responde o que quero saber. Daí eu sigo em frente, e como alguém demente, a culpa vem me bater. E faz sem piedade. Vá. Fale. Esperneie. E digo não. Sou teimosa. E teimosa que sou, sigo em um lugar que não tem dono. Terra de ninguém. Acho que gostaria de encontrar uma mão que me desse um sinal. Dissesse o sentido de meus passos. Ou andasse comigo, e juntos déssemos sentidos às nossas vidas errantes. Afinal viemos. Quando sairemos só o senhor tempo é quem decide. Ando sem rumo e direção. Vivo na contramão de quem vai e volta. Sou um circulo maluco. Sempre volto ao inicio de tudo. E nunca entendo nada.

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