Estou dançando e inventando chuva. Tudo passa num segundo... Quando vejo já vivi e as flores já se foram. Nem o inverno mais existe. Por isso danço e invento. Invento chuva, invento vento. Nada como poder criar. Criar mesmo, independente do significado... Crio grandes musicais. E na vida componho lindas melodias. O vento me acompanha e aponta minha direção. Aonde ele segue, eu vou. Me oriento pela dança das folhas das árvores. Elas me dizem o compasso da dança. Às vezes mudo o ritmo, e sigo os passos da chuva, da chuva que eu mesma invento. O vento balança o meu vestido e faz o meu cabelo brincar. Ganho asas. Fico leve. A chuva ri quando me toca. Conversa comigo. Sou a bailarina. Sou aquela que dança na chuva. E tudo passa tão rápido... Por isso invento coisas. Coisas para sorrir. Por isso danço, por isso canto na chuva. Invento coisas, invento chuva e vento. Crio poesias. Invento canções, ritmos e danças. Invento risos. Tudo passa. Invento cenas. O palco da vida me ensina. Crio cenas para viver. Construo e mato sonhos, todos os dias. São muitos. São tantos. Guardo sensações inventadas. Sinto, inclusive, as não vividas. Sinto. Não é outra vida. É essa mesma. Sensações não carecem ser explicadas ou ditas, menos ainda entendidas. Muitas vezes mato. As estações foram embora e levaram consigo as flores, os frutos, o calor e a chuva. Por isso invento coisas. Invento tudo. Sou um invento da vida. Dela sou eu aprendiz. E de tudo quanto invento, a vida é quem me diz.