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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Quase um epitáfio



            Como ocorre com, pelo menos, boa parte dos seres vivos, certamente, quando eu já não estiver aqui, aqueles que, realmente, me amaram chorarão por certo tempo... e sentirão a minha falta, pelo resto de suas vidas. Com o tempo, a dor se tornará uma lembrança amarga. Não passará, mas será menor. Até mesmo as labutas (e outras dores) da vida, farão com que a cabeça e o coração se mantenham ocupados... E eu terei me tornado mais uma memória triste para ser somada a tantas outras... De certo, ainda em vida,terei trazido algumas boas histórias... Outras nem tão boas, assim. E por tudo serei lembrada... Terei arrancado alguns sorrisos e algumas lágrimas...
            Haverá aqueles que, costumeiramente, santificam os mortos. E, por eles acredito que, serei santificada. Entretanto talvez eu seja “emputecida*” por alguns outros... Mas já não me interessa. Não estarei mais aqui.
            Há ainda os milhões e milhões que não conheci e por eles não fui conhecida. Na vida destes, as borboletas do Afeganistão terão mais influência que a minha ausência. Acredito que alguém disse algo parecido: o importante é que eu terei vindo, vivido (com tudo o que me foi de direito) e partido. 
            É assim que é a vida. E sinto - e deixo de sentir - todas essas coisas ditas acima, por todos que já foram (os que amei e por eles fui amada, os que acabei santificando no pós vida e aqueles dos quais nunca ouvi falar)... Beijos para as borboletas do Afeganistão...

* Transformada (ou nomeada) em puta. 

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