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quinta-feira, 6 de junho de 2013

"Enrapadurecimento"

               Rapadura

            Sou como ela, meu bem. Sou feita de raspas das raspas doces e endurecidas de um tacho açucarado.
            Primeiramente me arrancaram, à força bruta, de meu lugar de repouso. Puseram-me no moinho, e já um pouco enfraquecida, fui jogada na fervura. E lá permaneci por muito tempo. Doeu. E quando sai da fervura, estava sem forças e vulnerável. Fui, então, posta de lado, por um bom tempo. Este tempo foi, suficientemente, longo para que o calor da fervura se dissipasse e, por conseqüência, eu endurecesse.

            Hoje eu sou bastante doce, em minha maneira quadrada (careta) de ser, mas mesmo em minha doçura ainda posso te quebrar os dentes. Só que ainda não falei a melhor parte. A que mais gosto. Ela vem depois do “apesar de tudo”. Eu sou o melhor doce que você provará, na vida... Não existem mais engenhos como aquele do qual sai... (Não mesmo). Porque passei por vários os tipos de provas e estou aqui. Fui, inclusive, esquecida várias vezes... Resisti durante muito tempo, sozinha, vendo cada estação, cheia de gente de todo tipo e mudanças climáticas. Tudo sozinha. Se hoje pareço difícil e endurecida é porque passei por tudo isso. Ensinaram-me a ser dura e desconfiada. Mas apesar de tudo, eu só preciso de um pouco (mais) de calor e/ou fogo para derreter.

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